Ela e outros artistas, como o roqueiro Brian May, o ator Dolph Lundgren e a pornstar Asia Carrera, têm em comum impressionantes QIs – “quocientes de inteligência”, obtidos a partir de testes inspirados nos estudos do psicólogo francês Alfred Binet. Os parâmetros de avaliação variam um pouco, mas, em geral, um QI superior a 120 indica alta capacidade cognitiva.
Simples até demais. E foi exatamente esse o argumento usado por outros teóricos para questionar o método. Para o psicólogo americano Howard Gardner, criador da Teoria das Inteligências Múltiplas, essa avaliação prioriza a inteligência lingüística e lógico-matemática em detrimento de outras menos convencionais, como a espacial, a musical e a pessoal. Segundo ele, cada momento histórico valoriza um tipo específico de inteligência. Hoje em dia, por exemplo, as habilidades clássicas estariam perdendo espaço para as práticas. Talvez por isso esses personagens tenham abandonado um futuro acadêmico para tentar a vida como celebridades. Ou, quem sabe, sua perspicácia lógico-matemática os tenha feito perceber que os palcos lhes renderiam bem mais que os livros...
Brian May
O que você sabe - É guitarrista do Queen, banda de rock inglesa.
O que você Não sabe - Ele é doutor em astrofísica e publicou um livro sobre o big-bang.
A julgar pelos posts do seu blog, Brian May é um cara dividido. Ali, o guitarrista do Queen intercala notícias sobre shows com entusiasmadas descrições das noites que passa fotografando constelações. Para ele, o Universo é mais que um hobby. Formado em física, Brian concluiu, em 2007, um doutorado em astrofísica com a tese Velocidade Radial na Nuvem de Poeira Zodiacal. A pesquisa, que analisa a trajetória de partículas interestelares que atravessam o sistema solar, deve ser bem interessante: Ray recebeu 3 títulos honoris causa por serviços prestados às universidades de Exeter, Hertfordshire e John Moores, de Liverpool.
Mesmo tendo preferido o mundo do rock, May nunca se desligou da física (se você for um fã do Queen, ouça a canção 39: o jet lag de 100 anos citado na música está previsto na Teoria da Relatividade de Einstein). Nos últimos anos, publicou livros sobre o big-bang e a evolução do Universo, além de participar com freqüência de programas televisivos sobre astronomia. Depois de retomar sua pesquisa na Universidade Imperial de Londres, foi nomeado chanceler honorário da John Moores. E tudo isso sem abandonar a música. “Trabalho mais que qualquer um que eu conheço, mas não trocaria isso por uma vida de ócio. Não agüentaria uma semana”, diz em seu blog. É ou não é um pouquinho acima da média?
Asia Carrera
O que você sabe - É uma atriz pornô, protagonista de mais de 300 filmes.
O que você Não sabe - Toca Bach, adora física quântica e fez a própria página na web.
Fãs da atriz pornô Asia Carrera podem ter decorado suas medidas de busto (91 cm), cintura (66 cm) e quadril (91 cm). Mas, apreciando seus talentos cinematográficos, jamais perceberiam que grande mesmo era o seu QI: 150 pontos, que garantiram à ela uma vaga na Mensa, a sociedade internacional que agrega pessoas com alto QI.
A jovem Jessica Steinhauser tinha tudo para ter um brilhante futuro acadêmico: aos 16 anos, ela já havia tocado piano no Carnegie Hall, conceituada sala de espetáculos americana, participado de olimpíadas de matemática e ganhado o campeonato regional de soletrar de Nova Jersey. Acordes e números eram fichinha diante da pressão de seus pais: qualquer nota abaixo de 8 era motivo de castigo. Cansada de tanta repressão, Jessica fugiu de casa pouco antes de ganhar uma bolsa integral para estudar administração e japonês na Universidade Rutgers. Mas logo percebeu que podia ganhar mais com seu sorriso e outras partes menos inocentes da sua anatomia.
Com o nome de Asia Carrera, ficou famosa no mundo do “entretenimento adulto”. Entre um close e outro, costumava escrever, desenhar, tocar piano e ler sobre a bolsa de valores e física quântica. Hoje, viúva e aposentada, se dedica aos filhos pequenos e ao seu site, que construiu sozinha depois de gastar horas estudando html.
Dave Rowntree e Alex James
O que você sabe - São baterista e baixista da banda britânica Blur.
O que você Não sabe - Participaram do projeto da missão espacial Beagle 2.
Quando souberam que a Inglaterra preparava uma missão para buscar sinais de vida em Marte, Alex James e Dave Rowntree, da Blur, sugeriram que o toque de rádio que estabelecesse o contato da sonda Beagle 2 com a Terra fosse uma música baseada em uma seqüência matemática mixada com trechos do álbum 13, da banda. A criação do código de tons foi facilitada pela formação de Rowntree, que estudou ciências da computação na Politécnica de Thames. O centro de controle perdeu o contato com a sonda, mas isso não afetou a obsessão do baixista Alex James por outros mundos. Atualmente, ele trabalha com o Departamento de Astrofísica da conceituada Universidade de Oxford, na Inglaterra.
Dolph Lundgren
O que você sabe - Atuou em clássicos como He-Man e Rocky 5.
O que você Não sabe - É poliglota e mestre em engenharia química.
Ele emprestou sua densidade dramática levemente robótica para interpretar sucessos dos anos 80, como He-Man, o Justiceiro e o vilão Ivan Drago do filme Rocky IV. Pois essa pilha de músculos é coordenada por um QI de 160.
Lundgren fez mestrado em engenharia química e recebeu uma bolsa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Mas abandonou as pipetas para fazer uma ponta no filme 007 na Mira dos Assassinos. Daí para o estrelato foi mais rápido do que gritar “pelos poderes de Grayskull”. A manifestação em carne e músculos do princípio “mente sã, corpo são” também domina 7 idiomas: além do sueco (sua língua materna), fala inglês, alemão, francês e espanhol, e arranha japonês e italiano.
Natalie Portman
O que você sabe - É a rainha Amidala, de Guerra nas Estrelas.
O que você Não sabe - Estudou em Harvard e publicou estudo sobre os processos de retenção de memórias.
Você, que já a achava linda e talentosa, vai ter que engolir mais esta: Natalie Portman conseguiu o que 9 em cada 10 alunos americanos almejam – estudar em Harvard, a universidade mais conceituada do mundo. Mesmo tendo estreado no cinema aos 12 anos, Natalie nunca deixou de ser uma aluna exemplar. Com sua verdadeira identidade (Natalie Hershlag) protegida para que a fama não atrapalhasse seu desempenho na escola, Natalie chegou a faltar à cerimônia de lançamento do filme Guerra nas Estrelas: Episódio I – quando estreou no papel de Rainha Amidala – para se dedicar aos estudos para os exames finais da escola.
Funcionou: foi aceita no curso de psicologia. Questionada sobre o seu futuro profissional, declarou ao jornal New York Post: “Eu vou entrar na faculdade e não me importo se isso vai arruinar minha carreira. Prefiro ser inteligente que ser uma estrela de cinema”. Conseguiu ser as duas coisas. Durante a faculdade, atuou em filmes como Cold Mountain e Guerra nas Estrelas: Episódio II ao mesmo tempo em que estudava os processos de retenção de memórias sobre objetos e sua relação com o lobo frontal do cérebro – tema sobre o qual publicou um estudo. No final de 2003, recebeu seu diploma de psicóloga. E não se deu por satisfeita: no ano seguinte, aproveitou filmagens em Jerusalém para estudar antropologia da violência pela Universidade Hebraica.
Fascinada com a nova profissão, Natalie Portman até considerou deixar Hollywood para se dedicar à psicologia. Mas pensou bem e, inteligente que é, resolveu que, por enquanto, vai tentar conciliar as duas carreiras.
Dexter Holland
O que você sabe - É líder da banda de punk rock The Offspring.
O que você Não sabe - Tem mestrado em biologia molecular.
Foi o melhor aluno do colegial, formou-se em biologia na Universidade do Sul da Califórnia e fez mestrado em biologia molecular. Durante o doutorado, Dexter Holland passou a dividir seu tempo entre os laboratórios e os palcos de festivais de punk rock com a banda The Offspring. Aos poucos, seu orientador perdeu espaço para os acordes distorcidos que ensaiava com o guitarrista Kevin Wasserman, zelador do seu antigo colégio. Quando o sucesso atingiu os 11 milhões de cópias com o cd Smash, ficou evidente para Holland que seu contato com a bioquímica deveria se restringir ao gel dos seus cabelos espetados. Mas ele ainda pode seguir o caminho de Brian May, o guitarrista do Queen, e retomar os livros quando sua banda acabar.
James Woods
O que você sabe - Ator americano que concorreu duas vezes ao Oscar.
O que você Não sabe - Tem QI de 180.
Ele é muito mais que um rostinho esquisito. Só para refrescar a memória, o ator americano James Woods atuou como um correspondente de guerra no cult Salvador – O Martírio de um Povo, de Oliver Stone, e como um assassino degenerado em Fantasmas do Passado. Nas duas vezes chegou perto de levar para casa um Oscar. Mas nem mesmo os mais cinéfilos perceberiam que, por trás de suas atuações, operava um QI de 180, um dos maiores de Hollywood.
Quando ainda estava no colegial, sua impressionante pontuação no exame SAT (um vestibular americano unificado) lhe rendeu uma bolsa para o curso de ciências políticas no MIT. Lá, estudou a análise de defesa e teoria dos jogos e entrou para o grupo de teatro. Uma hora, teve que escolher: ou concluía seus estudos ou abandonava tudo, no último ano da faculdade, para seguir sua recém-descoberta veia artística. E deu no que deu.
Apesar do desvio de rota, Woods descobriu que podia retomar o contato com as teorias de jogos e defesa em um novo palco: as mesas de pôquer. Jogando por hobby, alcançou um honroso 24º lugar no campeonato de Los Angeles do World Poker Tour, em fevereiro de 2006, quando superou quase 700 competidores. O prêmio de pouco menos de US$ 40 mil fica pequeno quando comparado a um cachê hollywoodiano. Mas mostra que sua capacidade para o cálculo, aliada a uma atuação, pode ser bastante recompensadora.
Danica Mckellar
O que você sabe - É a Winnie Cooper, da série Anos Incríveis.
O que você Não sabe - Ela largou tudo para se dedicar aos teoremas matemáticos.
Por onde anda Winnie Cooper de Anos Incríveis? Deixou as câmeras para estudar matemática na Universidade da Califórnia. Em 1998, Danica, uma colega e um professor provaram um teorema sobre o alinhamento de campos magnéticos, batizado de Chayes-McKellar-Winn.
Empolgada, ela publicou, no ano passado, o livro Math Doesn’t Suck (“Matemática Não É um Saco”), em que mostra como é possível, por exemplo, estudar análise combinatória ao preparar pulseiras com miçangas coloridas. Quem, ainda assim, se encontrar perdido no meio dos números pode tirar dúvidas com ela através do site
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